Os cavaleiros brasileiros Rodrigo Storani Saliba e André Vidiz são bons exemplos da projeção que o Enduro brasileiro vem ganhando no cenário equestre mundial, sobretudo na sela de cavalos da raça Árabe. Afinal, ambos finalizaram a temporada 2022 entre os melhores cavaleiros da modalidade do mundo – cada um em sua respectiva categoria -, de acordo com o Ranking Mundial da Federação Equestre Internacional (FEI).
Enquanto Rodrigo Storari Saliba fechou a temporada na 1ª posição do FEI Endurance Young Riders World Ranking, com 1.171 pontos, André Vidiz ficou em 4º lugar no FEI Endurance Open Riders World Ranking, com 1623 pontos marcados. Vale destacar que o ranking da FEI usa a somatória de pontos obtidos durante todo o ano pelos cavaleiros em provas chanceladas pela entidade.
Ambos os resultados são motivo de muita comemoração para os criadores de cavalo Árabe do Brasil e para a diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA). Afinal, alguns dos animais utilizados tanto pelo André quanto pelo Rodrigo são da criação nacional da raça, evidenciando, portando, o trabalho dos criadores brasileiros que estão apostando na produção de animais de alta performance para o Enduro. Paralelamente a isso, a diretoria da ABCCA também tem direcionado seus esforços e trabalho na ampla valorização do cavalo Árabe funcional.
“Isso só engrandece a criação brasileira do Cavalo Árabe, porque tanto o Rodrigo quanto o André montam em animais de criação própria [do Rach Stud e do Haras Endurance, respectivamente]”, frisa Beto Rossi, diretor de Enduro da ABCCA. “Além deles, outros criatórios menores também estão tirando animais de primeira linha e temos outros cavaleiros brasileiros correndo lá fora tendo resultados expressivos na modalidade. Sem dúvida, um resultado brilhante, importante para dar ainda mais visibilidade para a criação nacional. Acende uma luz para a qualidade dos nossos cavaleiros e para os nossos cavalos, abrindo ainda mais o mercado para exportações”, celebra.
A trajetória do Young Rider nº 1 do mundo
Ao decorrer do ano de 2022, Saliba utilizou cinco animais da raça Árabe nas provas, sendo três diferentes nas provas realizadas no Brasil, além de dois no exterior, com destaque para o Loukario Desverrières – animal arrendado na França. Ao todo, o cavaleiro concluiu 8 provas em que esteve durante a temporada, sem nenhuma penalidade, se beneficiando, assim, de pontos de bonificação válidos no FEI Endurance Young Riders World Ranking.
Além disso, ele terminou na primeira colocação em cinco provas disputadas: CEIYJ2* 120, em Palmeira/PR; CEIYJ2* 120, em Boa Esperança/MG; CEIYJ2* 120, em Jaguariúna/SP; CEIYJ2* 120, em Castelsagrat, na França; e, por fim, CEIYJ2* 120, em Bragança Paulista/SP. “Em nenhuma prova larguei com o objetivo de ganhar. Em todas sabíamos que tínhamos que esperar o último anel para saber o que fazer. A segurança do animal sempre em primeiro lugar. Com os animais bem maduros e preparados, as coisas aconteceram naturalmente”, conta o jovem cavaleiro Rodrigo Saliba que iniciou no enduro sob influência da família, do Rach Stud, um dos principais criatórios de Cavalo Árabe do país. “É um prazer poder montar animais criados em casa”, frisa.
Como atleta de enduro, Saliba já tem um currículo extenso de títulos. São três campeonatos brasileiros, quatro paulistas, três campeonatos de ranking da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e cinco Troféus Eficiência da Federação Hípica do Estado de São Paulo (FPH). “Tenho 36 provas FEIs completadas com 15 vitórias, sendo 11 em provas de 120 km. Esse ano, pelo que sabemos fui o Young Riders com mais vitórias no mundo na categoria 120, o que me ajudou a ficar em 1º lugar no ranking mundial. Minha vitória no Try Out do Mundial, em Castelsagrat, sem dúvida, foi a mais importante da minha vida”.
Sobre ser o Young Rider número 1 do mundo, Saliba é só agradecimento a todos que o auxiliaram na conquista. “Tenho que agradecer a equipe de treinadores do Rach Stud, ao nosso veterinário Beto Turato e aos cavalos que montei esse ano. Passamos anos qualificando nossos animais para chegar a ter um ano como esse. Também ao Guilherme Santos por todo aprendizado no exterior”, pontua.
Agora, em 2023, o jovem cavaleiro segue nas preparações para importantes realizações. “Para o Mundial do Young Riders temos a opção de dois cavalos, o Loukario Desverrières e o Marei Rach, mas temos nove meses pela frente. E temos o Pan também em novembro de 2023. Então agora o importante é ter os cavalos saudáveis para que alcancem o pico na hora certa”, finaliza.
Open Rider 4º do mundo
Em 2022, André Vidiz, 37 anos, participou de 14 provas, venceu no CEI3*160 km, em Travagliato, na Itália, montando Visconde Endurance e, em 25/3/2022, com Shogun Endurance, no CEI3*140 km, em Fontainebleau, na França. Destaque também para outras importantes classificações na temporada 2022 como o 2º lugar no CEI2* Bragança Paulista (SP) com Equus Endurance e o 3º lugar no CEI2* 160 km em Vivaro, na Itália, montando Visconde Endurance.
Vale destacar que o experiente cavaleiro – que soma cerca de dez participações em Mundiais da modalidade – integrou a equipe brasileira medalha de prata no Mundial de 2021, em Pisa, na Itália. “Ter chegado até aqui em quarto lugar {no Ranking Mundial de Enduro da FEI] é recompensar, resultado de um trabalho de muitos anos e, finalmente, vem dando frutos de ter cavalos na Europa e poder correr as provas mais importantes do mundo”.
O experiente cavaleiro ainda ressalta a consistência que conseguiu manter nas provas ao decorrer da temporada. “Além de correr, você tem que completar as provas, e no enduro isso nem sempre é óbvio, muitas vezes você chega lá e não completa, esse ano eu consegui ter uma consistência muito boa e um pouco de sorte. Tudo deu certo esse ano, as provas foram boas e os cavalos encaixaram muito bem e isso me permitiu chegar até aqui na 4ª colocação”, comemora.
Agora, André Vidiz segue na Europa visando sua preparação para o Mundial de Enduro deste ano, haja vista que a edição de 2022 do evento foi cancelada, de última hora, pela FEI. Em 2023, a prova será realizada entre os dias 20 e 26 de fevereiro, no Boudheib International Endurance Village (BIEV), em Abu Dhabi.
“Atrapalhou a preparação o cancelamento, porque no enduro requer um longo treinamento com o cavalo para ele chegar pronto para a prova. A gente se programou o ano inteiro para dois cavalos chegarem bem para o mundial de 2022 e, de repente, foi cancelada, e tivemos que replanejar tudo. Mas eu acho que eles estão prontos, só faltam poucos ajustes mesmo. Estou ansioso para competir nos circuitos mais importantes da França e no Campeonato Mundial da FEI esse ano”, finaliza.
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Por Natália de Oliveira/Agência Cavalus
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