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Os primeiros registros

O marco inicial da criação do cavalo árabe no Brasil se deve ao gaúcho Dr. Guilherme Echenique Filho, que importou da Argentina o garanhão Rasul e sete éguas puras, todos incluídos em um livro de registros aberto às raças bovinas e equinas no Rio Grande do Sul. Em 1929, iniciou sua criação na cidade de Arroio do Sul, denominada Haras Er Rasul, uma homenagem àquele garanhão, que aparece como o cavalo nº 1 no Stud-Book brasileiro.

O primeiro puro sangue árabe brasileiro nasceu em 15 de outubro de 1929. Era uma fêmea, Airé, registrada com o número 8 no livro de Registros, filha de Risfan, e que veio no útero de Racbdar, uma das sete matrizes importadas pelo Dr. Echenique do Haras El Aduar, de Don Hernan Ayerza. Foi ela, junto com a égua Nahrawanna, o primeiro animal da raça árabe no Brasil (e da América do Sul) a ser exportado para os Estados Unidos, vindo a pertencer à famosa criação do General Dickinson, o Travellers Rest Ranch. Sua descendência perdura até hoje naquele país.

Nos dez primeiros anos da criação de cavalos árabes registrada no Brasil, as Coudelarias Nacionais de Saycan e de Rincão, além da família Echenique, todas sediadas no Rio Grande do Sul, registraram surpreendentes 160 animais. Os 12 primeiros registros da Coudelaria Nacional de Saycan datam de 1931 e, apenas três anos mais tarde seria registrado o animal nº 100, de nome Rascão Saycan, que marcou o início da Coudelaria Nacional de Rincão em São Borja.

Em 1936, foi iniciada a criação de cavalos puro sangue árabe na Estação Experimental de Criação de São Carlos, Estado de São Paulo, também conhecida como Fazenda Canchim. A propriedade era ligada ao Ministério da Agricultura, que designou o médico veterinário Antonio Teixeira Viana para coordenar trabalhos com “a intenção de criar uma raça exótica de equinos que apresentasse possibilidades de melhoramento da cavalhada nacional”. Para tanto foram importados dez animais, dos quais dois garanhões, um francês (Ayous) e um argentino (Zbââ Kebir), além de sete éguas vindas da Argentina e uma da França.

O Ministério da Agricultura realizou duas importações que tiveram grande impacto na criação brasileira. Em 1939, trouxe dos Estados Unidos o primeiro garanhão de sangue egípcio, Ibn Manial, e, em 1952, veio da Inglaterra o garanhão Indian Crescent.

Em 1955, havia nada mais que 620 cavalos árabes puros registrados no Brasil, oriundos de somente quatro criações. Nessa época, o Ministério da Agricultura estabeleceu uma nova criação de árabes na sua estação de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, com animais vindos da fazenda de São Carlos.

Praticamente toda a produção de cavalos era feita com o objetivo de abastecer os regimentos de cavalaria do Exército ou para a regeneração de tropas dos fazendeiros por meio dos postos de remonta, que ofereciam os serviços de seus garanhões sem custos. A Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional – CCCCN foi criada pelo governo brasileiro em 1956 com o encargo de coordenar as atividades de fomento de equinos no país, incluindo os postos de remonta do exército.

Até a década de 1960, o Ministério da Agricultura, o governo do Rio Grande do Sul e família Echenique registraram juntos mais de 98% dos cavalos de raça árabe. Além deles, apenas mais três criadores do Rio Grande Sul e quatro de São Paulo registraram animais.

A fundação da Associação Brasileira do Cavalo Árabe

A criação do cavalo árabe no Brasil entrou numa nova fase quando em finais de 1964, o empresário Dr. Aloysio de Andrade Faria importou três garanhões (dentre os quais o famoso campeão inglês, Blue Magic) e seis éguas da Inglaterra, dos Estados Unidos e da Polônia, marcando o início da sua Fazenda e Haras Fortaleza.

A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe, fundada no final daquele mesmo ano pelo Dr. Aloysio Faria em Belo Horizonte, foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura pela portaria nº 367, após reunir os registros que já existiam no Rio Grande do Sul e em São Carlos desde 1930, formando assim o Stud Book Brasileiro do Cavalo Árabe.

Assinaram o registro de fundação em 29 de dezembro de 1964:
– Aloysio de Andrade Faria
– Antônio Brandão da Rocha
– Aloysio Antônio Lisboa
– Diogo Branco Ribeiro
– Oswaldo Gudole Aranha
– Luiz Rodrigues Fontes
– Gastão de Oliveira Resende Filho
– Pedro Bertolucci
– José de Paula
– Danilo Noschese
– José de Abreu
– Paulo José Ernesto Coelho
– Bolivar de Andrade
– Humberto Canabrava Pereira
– José Maria da Silva

Contudo, apenas em 1968 todos os registros seriam finalmente coletados e reunidos em um só livro. Nesse mesmo ano, a ABCCA participou pela primeira vez de um evento em caráter oficial: a Exposição Nacional de Equídeos, organizada pela extinta CCCCN, que reunia equinos de todas as raças.

No ano de 1969, a sede da Associação foi transferida para São Paulo, uma vez que o Estado congregava o maior número de criadores do país. Esse ano também marca o início de outra tradicional criação brasileira, a Fazenda Morro Vermelho, de Sebastião Camargo.

Curiosamente, o primeiro livro do Stud Book demorou quase 50 anos para ser publicado. Desde então, já foram catalogados 13 livros (dos quais 10 publicados) que agrupam, até a presente data, aproximadamente 50.000 animais de puro sangue árabe, além de cruzas e anglo-árabes.