Rodrigo Foz Forte encerra mandato na ABCCA deixando um legado transformador para o cavalo Árabe

Presidente por dois biênios, Forte fala sobre a sua trajetória, desafios e conquistas em entrevista exclusiva, discutindo pandemia, valorização do Cavalo Árabe de esporte, parcerias, resultados e legado para criadores
Rodrigo Foz Forte

Ao longo de dois biênios, Rodrigo Foz Forte esteve à frente da presidência da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA), e teve que enfrentar desafios ímpares impostos pela pandemia da Covid-19. Afinal, sua jornada como presidente começou no ano crítico de 2020, marcado por paralisações e interrupções de eventos, cenário que demandou liderança e resiliência desde o início.

Derrubando as barreiras com o apoio dedicado de sua diretoria, Rodrigo Foz Forte não apenas conduziu a ABCCA durante tempos desafiadores, mas também deixou um legado transformador para o universo do Cavalo Árabe no Brasil. A consolidação da Exposição Nacional do Cavalo Árabe como um dos mais renomados eventos equinos do mundo é apenas uma das conquistas significativas resultantes de seu comprometimento.

Nesta entrevista especial, ele compartilha insights sobre o impacto da pandemia na gestão da Associação, detalha as iniciativas implementadas para valorizar o Cavalo Árabe de esporte e explora o fortalecimento das relações com outras associações ligadas ao esporte equestre.

Além disso, ele destaca os resultados expressivos obtidos durante seu mandato, delineia os aspectos que espera ver continuados pelas futuras gestões e, por fim, compartilha sua visão sobre o legado que deseja deixar para a comunidade de criadores. Confira a entrevista na íntegra a seguir:

Rodrigo Foz Forte

– Como a pandemia impactou a gestão da Associação durante o seu mandato?

Rodrigo Foz Forte: De fato, a nossa gestão foi premiada com essa pandemia, a qual realmente afetou as nossas exposições nos dois primeiros anos. Mas, mesmo assim, conseguimos realizar todas as Nacionais do Cavalo Árabe com grande sucesso, com quantidade de animais e público, local e internacional. Consolidamos a nossa Nacional como um dos melhores shows do mundo na opinião das dezenas de estrangeiros que nos prestigiaram ao longo desse período, valorizando ainda mais a criação brasileira. Aproveitamos também a pandemia para nos concentrar em ações administrativas e de marketing, que tomaram a ABCCA mais leve, mais moderna em sua gestão, assim como usamos as mídias sociais para trazer conhecimento e exposição da raça Árabe para o grande público. Movimentamos o mercado interno de uma maneira importante com o novo marketing e com investimentos massivos nas diversas modalidades esportivas, resgatando que o Cavalo Árabe não é somente uma raça de grande beleza, mas também de uma funcionalidade sem igual.

– Pode compartilhar conosco as iniciativas implementadas para valorizar o cavalo árabe de esporte ao longo desses quatro anos?

Rodrigo Foz Forte: O Cavalo Árabe de esporte foi a área em que mais concentramos novos esforços. Foram diversas as iniciativas, mas a maior delas foi a volta do “Arabian Cup”, nosso programa de acompanhamento, reconhecimento e premiação de cavalos da raça Árabe nas diversas modalidades esportivas. Distribuímos centenas de milhares de reais em premiações, incentivando proprietários, usuários e profissionais a investir no Cavalo Árabe. Além do “Arabian Cup”, investimos em premiações e incentivos específicos para o Tambor e Baliza, em parceria com a ANCAF [Associação Nacional do Cavalo Árabe Funcional], e nas corridas realizadas no Jockey Clube de São Paulo. Vale destacar também o Enduro, nosso “carro-chefe”, que ao longo desse período obteve resultados significativos no cenário local e internacional. Retomamos, portanto, uma vertente significativa para a raça, o esporte, algo que espero que siga firme nas gestões seguintes.

– Como foi o relacionamento e trabalho em conjunto com outras associações ligadas ao esporte equestre?

Rodrigo Foz Forte: O Cavalo Árabe é muito versátil e, por essa razão, temos muitas frentes de trabalho no esporte, o que faz com que a relação e trabalho conjunto com outras associações ligadas ao esporte equestre se faça fundamental. Nesse sentido, a ABCCA até pode organizar suas provas, mas faz mais sentido hoje apoiarmos as iniciativas das outras associações especializadas, como é o caso da ANCAF para o Tambor e Baliza, a ABHIR [Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural] para o Salto e Hipismo Rural, a CBH [Confederação Brasileira de Hipismo] no caso do Enduro e assim por diante. Sem falar no Ibequi [Instituto Brasileiro de Equideocultura], a “Associação das Associações de Equinos”, que ajudamos a fundar em minha gestão, e que hoje dá ao cavalo em geral maior peso na representação dos nossos interesses. “Parceirizar” é o verbo do momento e do futuro nesse sentido.

– Quais são os principais resultados alcançados durante a sua gestão que você considera mais significativos para a comunidade de criadores do cavalo árabe? Houveram metas específicas estabelecidas no início do mandato que foram atingidas?

Rodrigo Foz Forte: Nossa diretoria sempre teve um plano bem desenhado desde antes de assumirmos. Os resultados foram vários e em breve pretendo enviar um documento para a nossa comunidade listando tudo, mas, em poucas palavras, posso dizer que as principais entregas foram: fortalecimento na Nacional brasileira como uma das mais importantes exposições do mundo, renovação e incremento do fomento da raça divulgando o Cavalo Árabe para grande público com a ajuda das mídias sociais e significativa retomada do Cavalo Árabe de Esporte, tudo isso colaborando com o reaquecendo do mercado interno. Talvez um pouco menos importante, mas não posso deixar de citar, trouxemos o Cavalo Árabe para o Parque da Água Branca, em São Paulo, depois de 22 anos. É algo que me orgulho, porque trouxe muita exposição para a raça. Saímos na capa do Estadão, isso tem muito valor.

Rodrigo Foz Forte

– Quais são os aspectos do seu trabalho que você espera que sejam continuados pelas próximas gestões?

Rodrigo Foz Forte: Espero que o trabalho siga firme em 3 pilares: 1º – Manutenção do alto nível da nossa exposição Nacional, atraindo estrangeiros; 2º – Manutenção do circuito de exposições da ABCCA com necessidade de pontuação para a Nacional, pois um circuito fortalecido é o que mantém o fomento em funcionamento, entre vários outros ganhos; e 3º – Foco no Cavalo Árabe de Esporte, nos usuários e, consequentemente, no mercado interno. Acredito muito que temos que seguir “democratizando” a raça e ampliando a nossa base. Aprendi que isso se faz muito mais com usuários do que com criadores. Usuários felizes e engajados consomem cavalos e muitos passam também a criar. Basta ver as demais raças que estão no topo.

– Existe algum legado específico que você gostaria de deixar para a comunidade de criadores do cavalo árabe?

Rodrigo Foz Forte: Legado é uma palavra muito forte. Posso dizer que ao longo desses quatro anos eu e minha Diretoria, pessoas que admiro e agradeço muito, nos dedicamos ao máximo. Cometemos naturalmente os nossos erros, mas fomos humildes em reconhecê-los e consertá-los. Quando erramos, estávamos tentando fazer o melhor, tentando acertar, sempre pensando no todo, na raça, no coletivo, jamais colocando interesses individuais à frente dos interesses coletivos. Tanto é que tivemos anos de união da raça em todas as suas vertentes. Espero de coração que sigamos dessa forma.

– Quais foram os principais aprendizados pessoais adquiridos ao liderar a Associação nesses quatro anos?

Rodrigo Foz Forte: Aprendi e amadureci muito como pessoa e profissional ao longo desses quatro anos. Principalmente, consolidei o aprendizado de que o “espírito associativo” é fundamental para que você ocupe um cargo de liderança numa Associação, sendo necessário pensar no todo, no cavalo em primeiro lugar, mesmo em que muitos casos não se possa agradar a todas as pessoas. Mesmo que muitas das decisões finais caibam ao Presidente, é necessário ouvir e compor.

– Existe algo que você faria de forma diferente se pudesse voltar no tempo?

Rodrigo Foz Forte: Acredito que não. Não me arrependo de nada. Se eu pudesse e quisesse seguir no cargo, eu naturalmente trabalharia no aprimoramento das nossas ações. Penso que tudo que fazemos, em qualquer área pode ser melhorado. Tenho certeza de que há espaço para isso e acredito que a nova Diretoria seguirá nessa linha.

– Quais são os projetos ou ideias que você vê como importantes para o futuro da Associação? Há áreas específicas que você acredita que merecem mais atenção e investimento no futuro?

Rodrigo Foz Forte: Em geral agora é aprimorar a base construída até aqui. No cavalo, tudo leva muito tempo para construir e consolidar. O ideal é que o Cavalo Árabe tenha um plano único a se ser seguido e executado pelas diretorias. Precisamos de trabalho paciente e consistente. 

– Alguma mensagem final que você gostaria de transmitir à comunidade de criadores do cavalo árabe no Brasil, bem como a sua equipe que o acompanhou nestes anos?

Rodrigo Foz Forte: Só tenho a agradecer a todos. Minha Diretoria e colaboradores da ABCCA, que foram grandes parceiros nessa jornada. Gente que ama o cavalo e a Associação, que não mediu esforços para entregar tudo que era possível. E meu muito obrigado aos criadores, associados, parceiros da ABCCA e profissionais que sempre nos apoiaram. Me sinto honrado por ter ocupado esse cargo dessa tão respeitada Associação, dessa tão importante raça de equinos. Sigo agora como criador e associado, fazendo votos de que a próxima diretoria possa fazer ainda melhor.

Por Natália de Oliveira/Agência Cavalus
Fotos: Divulgação/ABCCA

Instagram: @abccarabe | Facebook: ABCCÁrabe | YouTube: ABCCArabe

Leia outras notícias no site da ABCCA

Compartilhar

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on telegram
Telegram
Share on facebook
Facebook
Share on linkedin
LinkedIn
No more posts to show